amarante suas historias

Foto: autor desconhecido, 1971

Gavião Pykopjê

  • Autodenominação
    Pykopcatejê
  • Onde estãoQuantos são

    MA769 (Siasi/Sesai, 2014)
  • Família linguística

Histórico do contato

A história do contato entre os índios Pykopjê e os brancos, bem como da região em que habitam, pode ser dividida em dois períodos fundamentais para o entendimento tanto da situação em que se encontram atualmente como do nível de relações estabelecidas com a sociedade nacional. O primeiro período tem início em fins do século XVIII e se estende até meados do séc. XX, quando o território secularmente habitado pelos grupos Timbira passa a ser penetrado por duas frentes de expansão: a pastoril e a agrícola. Mas é a primeira destas frentes a responsável direta pela fixação do homem brasileiro na região.
Embora o impacto causado pelo confronto entre os índios e os criadores de gado tenha se revestido da mesma violência ocorrida em outras áreas de penetração recente, ela é “atenuada”, em um segundo momento, quando comparada às frentes agrícolas e principalmente extrativistas, pela não-necessidade da mão-de-obra indígena nas atividades de produção, consistindo essencialmente numa luta pela posse da terra.
Os Pykopjê aparecem na literatura como os mais aguerridos dos grupos Timbira, os que mais baixas impuseram às entradas e bandeiras, impedindo a ocupação da região pelos criadores de gado. Entretanto, após muitas lutas, por volta de 1850 os Pykopjê foram enfim dominados.
Segundo Nimuendaju, os Gavião do Pará (ou Paracatejê) faziam parte do grupo Pykopjê (ou Gaviões do Leste) e se constituíram como um grupo autônomo a partir deste momento de “paz” com os “civilizados”, quando uma facção que discordava dessa paz embrenhou-se na área de floresta onde atualmente se encontra.
Após essa longa fase de guerras de “pacificação”, a região foi definitivamente ocupada em 1852 com a fundação da cidade de Imperatriz. Após os primeiros impactos causados pela penetração da frente pastoril, passou a região por uma longa fase de relativa estagnação, tendo permanecido sua população rarefeita, praticando uma agricultura e pecuária de subsistência. Tal situação permitiu que os Pykopjê, após tantas guerras, pudessem viver em situação de relativa tranqüilidade, tendo tempo de rearticular-se enquanto grupo e de criar mecanismos de defesa e atuação adaptados à nova realidade.

A chegada dos “paulistas” em meados do XX

Entretanto, na década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek, diante da perspectiva de abertura da rodovia Belém-Brasília, a região passa a sofrer profundas modificações. A chegada dos “paulistas” – fazendeiros vindos do sul da Bahia, Minas e S.Paulo – promoveu uma rápida valorização das terras e marca o início de um segundo período na história das relações entre os Pykopjê e a sociedade nacional.
O contingente formado pelos fazendeiros do sul buscou, de imediato, localizar-se em terras consideradas de melhor qualidade, em pontos estratégicos de fácil acesso a Belém-Brasília. Tal processo acarretou um forte processo de expropriação dos pequenos lavradores que, pressionados, foram obrigados a vender suas terras, procurando então, num novo movimento de interiorização, áreas de terra onde pudesse fixar-se. A conseqüência disso foi uma forte corrida para as áreas habitadas pelas populações indígenas da região: Pykopjê e Kricati. Por sua vez, os “paulistas” chegados na década de 1960 e 1970, não encontrando mais terras “disponíveis” e em face da altíssima valorização das áreas mais cobiçadas, voltam-se também para as zonas de mata, expulsando da terra os pequenos posseiros localizadas em áreas indígenas – o que agravou a situação de tensão, ocasionando vários incidentes entre índios e regionais.
Em 1976 ocorreu o ataque de um fazendeiro “paulista” a uma das aldeias Pykopjê, Rubiácea, ateando fogo em todas as casas e fazendo com que seus habitantes, sentindo-se ameaçados, abandonassem a aldeia e fossem residir na aldeia Governador. Após este episódio, a Funai começaria a tomar providências para a demarcação de suas terras (Barata, 1993), cujos limites foram estabelecidos pelo órgão em 1977 e finalmente homologados em 1982. Mas sua extensão, de menos de 42 mil ha, é insuficiente para a reprodução física e cultural de seus habitantes, de modo que estão reivindicando junto à Funai a ampliação da Terra.
Até os anos de 1950 existiam três aldeias Pykopjê, ocasião em que se abateu sobre elas uma grande epidemia de gripe. Muitos índios morreram nessa época, e os sobreviventes foram buscar os que restaram para todos morarem juntos numa mesma aldeia, a Governador. Depois de um tempo, essa aldeia começou a crescer muito e em 1990 foi dividida de novo. Daí surgiram as três aldeias atuais: Riachinho, Governador e Rubiácea.
Quanto às três aldeias Guajajara na TI – Borges, Favêra e Barriguda –, foi feito um pedido desses grupos Guajajara aos Pykopjê para que pudessem ocupar um pequeno espaço da área, pois eles não tinham para onde ir e não queriam ir para a cidade, de modo que os Pykopjê permitiram sua entrada.
 

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