A impagável dívida pública da Arena Corinthians


A negociação do Corinthians com a Caixa desanda após revés político do presidente Roberto de Andrade. Não há perspectiva de devolver aos cofres públicos os R$ 400 milhões emprestados para levantar o estádio




Arena Corinthians,em Itaquera.A imbatível fase esportiva não alivia as finanças do time (Foto:  Mauro Horita/AGIF/AFP)
Fábio Carille ainda não tinha se tornado técnico do Corinthians, no fim do ano passado, quando o clube já havia parado de pagar à Caixa Econômica Federal as parcelas do financiamento público de seu estádio. Pela campanha brilhante até agora – a melhor da história do Campeonato Brasileiro – o Corinthians bem pode chegar a campeão. Mas não vê como retomar os pagamentos. O problema está no desempenho financeiro da Arena Corinthians, que, a despeito da campanha fantástica do time e das arquibancadas lotadas, não gera dinheiro suficiente para bancar suas despesas e quitar o empréstimo de R$ 400 milhões. Sufocada pelas mensalidades, a cúpula corintiana pediu uma trégua em novembro de 2016 para colocar as contas em ordem e voltar a pagar a partir de maio de 2017. O banco a concedeu, disposto a renegociar termos do acordo. Não deu certo. Os corintianos chegam a setembro sem ter retomado os pagamentos – e, pior, sem a menor perspectiva de que isso aconteça.
Eis a situação na mesa de negociações entre Corinthians e Caixa, de maneira simplificada. Cada parcela custa R$ 5 milhões – dos quais R$ 1,5 milhão pagam a dívida e R$ 3,5 milhões correspondem aos juros cobrados pelo empréstimo. Como o time não consegue honrar esses R$ 5 milhões mensais, propôs diminuir as parcelas pela metade, R$ 2,5 milhões, pelo tempo determinado de um ano. Depois disso os corintianos voltariam a pagar as parcelas cheias e o valor que deixara de ser pago durante um ano seria acrescido às parcelas seguintes. Monitorada pelo Banco Central e pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dono do dinheiro, a Caixa não tinha como aceitar tal proposta porque o valor sugerido não cobre nem os juros, o que faria com que a dívida crescesse em vez de diminuir. A cúpula do banco propôs outra solução. O Corinthians até poderia baixar as parcelas a R$ 2,5 milhões por mês, mas teria de arrumar um jeito de, ao término desse ano de carência, depositar mais R$ 12 milhões para cobrir os juros. A fim de assegurar o recebimento, a Caixa pediu como garantia o resultado do plano de sócios-torcedores, o Fiel Torcedor, que deve gerar R$ 17 milhões em 2017. Aí entrou em campo a política futebolística.

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