Comissão do Corinthians sugere acordo com Odebrecht e detalha dívida da Arena


Corinthians deve mais de R$ 1,3 bilhão pela construção da Arena (Foto: Marcos Ribolli)Corinthians deve mais de R$ 1,3 bilhão pela construção da Arena (Foto: Marcos Ribolli)
Corinthians deve mais de R$ 1,3 bilhão pela construção da Arena (Foto: Marcos Ribolli)
Segundo a Claudio Cunha Engenharia e Construções, contratada pelo Corinthians para auditar a arena, a construtora Odebrecht deixou de realizar mais de R$ 150 milhões em obras. Além disso, a empresa também deveria pagar uma multa de mais de R$ 22 milhões por atraso na entrega do estádio.
A partir dessas informações e da análise de dados e contratos, a comissão fez algumas sugestões à diretoria do Corinthians (que não é obrigada a acatar):
  • Negociar imediatamente com a Odebrecht a relação entre as dívidas contratadas e os financiamentos. O Corinthians possui os CIDs como fonte de pagamentos, bem como os itens destacados pela Claudio Cunha Engenharia e Construções. Ou seja, itens não realizados e aqueles que devem ser refeitos. Adicionalmente, não podemos esquecer que o fato de a Arena não ter sido finalizada certamente reduziu o potencial das receitas acessórias (shows e eventos);
Aqui, vale um parênteses para esclarecer o que são os CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento). São títulos que podem ser comprados por empresas que gastam com impostos municipais. Em outras palavras, as empresa compram esses certificados em troca de abatimento do valor pago com a tributação. Neste caso, os “papéis” foram emitidos pela prefeitura como contrapartida aos benefícios à economia da Zona Leste pelo estádio e a abertura da Copa do Mundo de 2014. O valor corrigido já ultrapassa R$ 450 milhões, mas o Timão tem dificuldades para vender os CIDs
  • Pode-se propor junto à Odebrecht que ela ficasse com os CIDs em troca de toda a dívida com a empresa (cerca de R$ 630 milhões);
  • É imperioso que todo e qualquer pagamento à Odebrecht não seja feito diretamente à empresa. Caso haja necessidade jurídica deste pagamento, que se faça em juízo, mediante ações judiciais próprias;
  • Negociar com a Caixa Econômica Federal fórmulas que permitam o clube efetuar o pagamento do empréstimo.
A respeito deste último item, vale ressaltar que desde o ano passado o Corinthians negocia com o banco estatal um novo contrato de financiamento. Diferentemente do que era pretendido no início das tratativas, o clube desistiu de prorrogar o prazo para pagamento.
Além de tratar das finanças da arena e do clube, a comissão do Conselho também apresentou outras recomendações como obtenção de alvarás, realização de obras para minimizar o fluxo de torcedores nas entradas do estacionamento e criação de um departamento de documentação do estádio. Também foi sugerido que o Conselho de Orientação e o Conselho Deliberativo tenham de aprovar contratos relativos à arena que impactem período superior ao mandato do presidente (três anos).
Outra proposta foi a não renovação do contrato com a empresa Omni pela gestão do Fiel Torcedor, que vai até 2019. Recentemente o Timão tentou atrelar os recursos do programa de sócios como garantias ao financiamento da Caixa, mas não foi referendado pelo Conselho de Orientação.
Procurada pela reportagem, a Odebrecht disse "desconhecer o resultado de qualquer auditoria encomendada pelo clube, já que não recebeu nenhuma documentação. A empresa tem esclarecido, porém, que é incorreto falar em obras não executadas como se fosse um descumprimento de contrato. Na verdade, o que deixou de ser feito na Arena foi fruto de decisão do clube e do arquiteto contratado. O contrato previa um valor máximo de obras de R$ 985 milhões. Ao aprovar modificações solicitadas pelo arquiteto que elevaram em cerca de R$ 40 milhões o valor de alguns itens, o clube decidiu não realizar outros itens, no mesmo valor, para não descumprir o limite de gastos de R$ 985 milhões previsto no contrato."

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